sexta-feira, 22 de julho de 2011

O cultivo do chá em Santa Rita do Sapucaí

No passado, nossa primitiva agricultura consistia no plantio de algodão, milho, mandioca, batata, feijão, cana de açúcar, tabaco, fumo e mamona. Estes produtos eram necessários ao consumo de nossos primeiros habitantes, abasteciam o comércio de outras localidades e da corte imperial através de demoradas remessas feitas em lombo de burro.

O Capitão João Antônio Dias seguiu o exemplo dos seus antepassados e, com grande tino comercial, organizava tropas que transportavam os nossos produtos, inclusive carne e toucinho salgados. Tais produtos eram  levados para São Sebastião do Rio de Janeiro ou então para as cidades mais desenvolvidas da província de São Paulo.

Certa vez, de volta de uma destas viagens a São Paulo, quando passou por  Santa Rita de Extrema, que pertencia ao Município de Jaguary (Camanducaia), o tropeiro conseguiu do Sr. Antônio Felisberto Nogueira, na Fazenda do Selado, uma quantidade de mudas de Chá da Índia (100.000 pés), e resolveu plantar em suas terra.

Depois de certo tempo, estava formado o seu “Chazal”. A população local encantava-se em admirar a plantação localizada onde hoje estão situados o bairro da Vista Alegre, o Cemitério e a câmara municipal.
Seus arbustos, pertencentes à família das theáceas, eram periodicamente colhidos, ou então, depois de uma ligeira fermentação, transformados em “Chá Verde” ou “Chá Preto”, tão apreciados naquele tempo. O habito de tomá-lo fazia parte das reuniões sociais e passou a fazer parte da primeira riqueza produ-zida em Santa Rita do Sapucaí.

Muitos de nossos conterrâneos mais antigos ainda se lembram de ter visto, nos lugares citados acima, vestígios da cultura do chá ou de que tivessem utilizado a sua semente, ali encontrada, para atirar com estilingue.

A notícia do cultivo do chá em terras santarritenses foi confirmada pelo jornal Pousoalegrense “Fala do Trono” de 3 de fevereiro de 1846, a qual nossa cidade pertencia nessa época. O período histórico apresenta Santa Rita como um município que contava com vinte cultivadores e seis fabricantes do Chá da Índia. Não sabemos ao certo qual a razão do abandono de sua cultura em nossa terra, hoje sem qualquer vislumbre. 
Por Ideal Vieira

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