quinta-feira, 3 de fevereiro de 2011

Eles eram (e são) os Bakaninhas.

 Diversão à moda antiga

No final da década de 70, o carnaval em Santa Rita do Sapucaí era bem diferente do que é hoje. A diversão era ver os desfiles de rua e depois correr ao clube para pular até soltar o prego da Havaiana. A moda eram as marchinhas, comandadas pelo Maestro João de Abreu. Para aproveitar ao máximo a festa, os foliões dos Blocos nem tiravam a fantasia. Mal terminavam suas apresentações, corriam até o Country Clube para se divertir e zoar com a cara dos adversários.
 O surgimento dos Bakaninhas

Em 1979, um grupo de amigos - completamente apaixonados por carnaval - decidiu formar um bloco que ficou conhecido como “Os Bakaninhas”. Naquele ano, o nome sugerido pelo saudoso Marcão Aguiar passaria a estampar as camisetas de 12 foliões que não se largavam desde os tempos de escola. Foi também de Aguiar a responsabilidade de desenhar e estampar as camisetas que seriam cobiçadas por grande parte dos santa-ritenses.

Os churrascos

Na década seguinte, o grupo passou a se organizar melhor. Realizavam bailes e churrascos o ano inteiro e levantavam dinheiro suficiente para se esbaldar nos 4 dias de carnaval. A festa começava ao meio dia com os churrascos da “Diretoria” e varavam noite afora. Em um desses famosos churrascos, o senhor Euclides, pai de um dos foliões, ficou uma fera quando descobriu que o grupo havia dispensado seus empregados para realizar a festa no depósito de sua loja de materiais de construção.

Encontrar um bom lugar para fazer suas festas parece ter sido uma dificuldade que os Bakaninhas encontraram nos primeiros anos. Conta-se que, certa vez, sem eira nem beira, os amigos tiveram que improvisar um espetinho de gato debaixo da enorme paineira plantada na entrada do cemitério. Apesar do espaço pouco apropriado, os foliões lembram que tudo correu às mil maravilhas e que ninguém desceu para reclamar.
 Maratona de quatro dias

Nas noites de desfile era assim a rotina do grupo: o churrasco começava ao meio dia, Dinho estacionava seu caminhão em uma das esquinas da praça no final da tarde e o grupo armava um verdadeiro camarote sobre rodas com direito a comida da boa e cerveja gelada. Após o desfile dos Blocos, os amigos corriam para o Clube e começavam o fervo. Naquela época, os blocos se revezavam nas arquibancadas. As torcidas mais aplaudidas eram as que arrastavam maior número de simpatizantes. Como o Bloco tinha simpatizantes de todas as agremiações, a arquibancada coalhava de gente quando os Bakaninhas eram chamados. Juntos, cantavam o hino do bloco, cuidadosamente arquitetado pelo famoso Juca Carteiro e o salão vinha abaixo.

Flávia relembrou que, certa vez, ao deixarem o baile do Clube, o lendário Mixirica estava falando mais do que o homem da cobra. Meio alterado pelo efeito da marvada, o rapazinho estava deixando todo mundo louco com suas brincadeiras. Não se sabe ao certo quem foi o autor da brilhante ideia, mas todos deram total apoio quando um deles decidiu amarrar o coitado em um poste e seguir viagem rumo ao merecido descanso. Mixirica só foi visto novamente no outro dia de tarde quando contou - em meio a gargalhadas - que ficou horas preso até que alguém decidisse libertá-lo.
 Nos meados da década de 80, Bolacha, fiel entusiasta dos Bakaninhas, foi escolhido pelo grupo para ser o Rei Momo. Flávia Veronese conta que seu pai teve um bom trabalho para confeccionar uma faixa à altura do nosso grande amigo. Desde então, toda sexta-feira de carnaval o embaixador da folia era levado até a entrada de Santa Rita para receber a chave da cidade, entregue pelo prefeito. Junto com ele, as Rainhas do Carnaval – que se revezavam a cada edição - faziam as honras da casa e deixavam claro que os 4 dias seguintes  seriam do balacobaco. Com o passar dos anos, Bolacha continuou realizando sua função brilhantemente. Mesmo com o final do Bloco, ele manteve seu reinado e se tornou uma verdadeira lenda.
  
O fim

A última participação dos Bakaninhas no Carnaval Santarritense foi em 1986. Naquele ano os churrascos aconteceram no inesquecível bar de Cassinho, conhecido como Kpelinha e marcou o final de uma época em que as grandes marchinhas eram presença obrigatória nos bailes de carnaval. Mesmo com o fim daquele grupo extraordinário, a amizade entre eles perdura até hoje e, vez ou outra, ainda se encontram para matar saudade e reviver grandes momentos.
(Este texto é uma homenagem especial aos queridos amigos Marcos, Walter e Bolacha.)

5 comentários:

  1. Bem, o que posso dizer......

    Fico até com os olhos marejados ao ler a reportagem.

    O bloco começou na antiga pracinha que tinha em frente ao clube Santarritense. Um bela noite, eu, Markão e outros amigos (não lembro exatamente quais) estavamos falando bobagens e surgiu a idéia de montar o bloco. Toda quarta feira de cinzas, começavamos a contagem regressiva para o carnaval seguinte. Bailes, rifas, patrocionios e tudo mais que pudessemos fazer para angariar dinheiro para o bloco, pois era um mais duro que o outro. Mas sempre conseguiamos armar uma festança das boas.
    São tantas historias engraçadas....
    Lembro que em um ano tive a brilhante ideia de criar uma das camisetas do ano que dizia "A Tchurma qui guenta a Tchurma do Batuque. Os Bakaninhas", em homenagem a grande Tchurma do Batuque. Só que alguns integrantes, não acharam a homenagem muito "simpatica", pois na camiseta tinha um Garfield tampando os ouvidos para não ouvir o batuque....kkkkkkkk

    Mas no fim tudo acabou em cerveja com a Leninha, Klebinho, Webbinho, Edinho e cia.....

    Saudades enormes dos grandes irmãos Markão, Bolacha e Walter, que infelizmente nos deixaram tão prematuramente e do resto da turma que infelizmente por morar em SP não tenho mais muito contato....

    Muita saudades disto tudo...
    Abraços,

    Mamão

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  2. Um época realmente ótima. Além de nós, ainda tinha o Sanatorio Geral, o n´Interessa,a tchurma do batuqui......

    Fui um dos idealizadores dos Bakaninhas e curti bastante. Muitas historias engraçadas, como a da camiseta que "homenageava" a tchurma do Batuqui, que não se sentiu muito honrada com a homenagem... Mas tudo termina em cervajas e festas....
    Saudades enorme do meu grande irmão Markão e de todos os outros amigos.

    Valeu mesmo pela reportagem !!

    Mamão

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  3. Nossa!
    Hj 2:45 da madrufada , procurei no google bloco bakaninhas
    Que surpresaaa... Bolacha, Tia Mariquita etc....... Sou o Claudinho, sobrinho do Francisco, primo do Bolacha e do Cassinho,
    MAMAO , ME RECORDO DE SEU APELIDO AMS NAO DO NOME
    aI VAI MEU MAIL paccino777@yahoo.com.br

    Bons tempos amigo....
    Fique com DEUS E O BOLÇCHA FAZ FALTA

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  4. Que d+, fiquei muito emocionada e feliz também!! foram os melhores carnavais da minha vida!!! Muita saudade.....
    Baile no clube, sopa de cebola na madrugada, ver o dia amanhecer na praça......pensei no bolacha esses dias!!!Cassinho, Sheila, Tia Mariquita, Sr. Cássio, enfim toda turma!!!
    Bakaninhas, fico feliz de ter feito parte desse grupo!!!

    Andrea, enteada do Chico Chagas!!!

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  5. Hj estava pensando.......Se foram praticamente todos aqueles que me recordavam a adolescencia! Eu sentado na mureta da casa da Tia Mariquita, na principal avenida....Observando aquela agitacao de sabado a noite, todos indo a praca etc...A Praca la continua, mas nos meus 50 anos consigo enxergar apenas otimas lembrancas...A dias atras se foi Tia Mariquita e esta semana q passou Cassinho.....Junto se foi parte de minha historia....De alegrias.....So me resta saudades....Mas um dia destes iremos nos encontrar, nao sei onde nem como......Nao pude nem me despedir, estou a 8000kms de distancia..Mas meu coracao sempre esteve por Santa Rita do Sapucai, o que mais doi e a impotencia de nada poder fazer, nada poder voltar...A Palavra de Deus diz que tudo passara, menos sua palavra.....So me resta orar e agradecer pelos momentos.........Claudimho

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