terça-feira, 12 de agosto de 2014

O Vale do Silício, o Vale da Eletrônica e o empreendorismo (Por Salatiel Correia)

Anotem aí: se fosse possível contabilizar a riqueza gerada pelas 18 mil empresas fundadas pelos alunos e ex-alunos da Universidade norte-americana de Stanford, esta formaria a décima nação do mundo com Produto Interno Bruto de 1,27 trilhão de dólares. É o que nos diz a Associação da História de uma importante região dos Estados Unidos.
Quem proporciona essa excepcional geração de riqueza na economia mais dinâmica e inovadora do mundo é o Vale do Silício. Este se constitui na face mais visível do sucesso de articulação entre governos e iniciativa privada, fomentando, dia a dia, ano a ano, durante décadas, o espírito que faz da sociedade dos Estados Unidos o que ela hoje é: empreendedora. Não tenham dúvidas de que, por trás de grandes ideias, existem grandes personalidades que transformam sonhos em realidade.

Intenciono, neste artigo, enfatizar a figura daquele que é considerado o fundador do Vale do Silício e que tanto fomentou o empreendedorismo na região. Refiro-me ao professor Fred Terman. Falemos um pouco desse grande homem.

Nativo da cidade de Palo Alto (onde fica Stanford), Fred Terman se graduou em química. Cursou mestrado em Stanford e doutorado em engenharia no prestigiadíssimo Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT). Após o término do doutoramento, Ferman se tornou aquilo que seu pai já tinha sido: um renomado professor de Stanford.

Nessa condição, ele se transformou no grande líder na universidade, sempre a incentivar o empreendedorismo entre seus alunos. Entre estes se destacaram dois homens de gênio  e que se tornariam empreendedores de reconhecido sucesso por meio da empresa que viriam a fundar: David Packard e Bill Hewlett, personalidades que fizeram da companhia que funda-ram, a HP, uma empresa de respeito mundial.

A liderança de Fred Terman não ficou só no incentivo. Sob sua notável influência, a universidade concedeu terras sob a forma de leasing para que empresas de alta tecnologia se instalassem nas suas cercanias. Nascia, assim, o Parque Industrial de Stanford. 

O ambiente da época, imerso na Segunda Guerra Mundial e na posterior Guerra Fria, contribuiu para o notável desenvolvimento das indústrias da região. Transistores e circuitos integrados para a corrida aeroespacial norte-americana saíram da região do Vale do Silício.

Apple, Google, Facebook, HP e Intel são símbolos visíveis da globalização que se concentra nessa região, onde o futuro é cotidianamente pensado. No Vale do Silício, pulsa cada vez mais intensamente o espírito da grande liderança que foi o professor Fred Terman. Este, sem dúvida, foi um grande homem de merecido respeito.

Do Vale do Silício, na Califórnia, para o Vale da Eletrônica, no sul de Minas Gerais, as diferenças em termos de dimensão são consideráveis. O que não é diferente é o espírito de grandes personalidades que tiveram a visão de que o futuro se constrói com empreendedorismo e inovação.

Nesse sentido, o Vale da Eletrônica e o seu coirmão mais rico se confundem. Fred Terman, Sinhá Moreira, o professor José Nogueira Leite e o ex-prefeito Paulo Frederico de Toledo são as duas faces de uma mesma moeda. Do mesmo espírito. Optaram, cada um ao seu tempo, pela renúncia a si mesmos, a fim de pensar no bem de toda uma sociedade, em torno da construção do futuro.

(Salatiel Correia é Engenheiro, Bacharel em Administração de Empresas, Mestre em Planejamento Energético. É autor, entre outras obras, do livro Tarifas e a Demanda de Energia Elétrica)

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