quarta-feira, 31 de outubro de 2012

NÃO IMPORTA A ENFERMIDADE: AO ENTRAR NO PRONTO ATENDIMENTO A GENTE SEMPRE SAI COM DOR DE CABEÇA

No último final de semana, estive no Pronto Atendimento Municipal para que meu filho fosse atendido. Aos sábados, mesmo se a pessoa quiser evitar passar o dia todo esperando por uma consulta, dificilmente encontrará um médico particular de plantão. Há 15 dias, por exemplo, tive que contar com a ajuda de um amigo que já nem está mais clinicando para diagnosticar uma dor debaixo do braço que, felizmente, não era nada grave. 

O fato é que chegamos ao Pronto Atendimento, exatamente, meio dia e cinquenta e quatro e havia umas 4 pessoas para serem atendidas. Quando passamos pela triagem, diagnosticaram o caso do meu filho como "pouco grave", segundo o Protocolo de Manchester, e isso queria dizer que poderíamos ficar até duas horas esperando pelo atendimento. Por conta desse método adotado para atender vítimas mais graves, depois de duas horas, todas as pessoas já haviam sido atendidas, o pronto atendimento encheu e os pacientes que chegavam continuavam - sem exceção - a passar na nossa frente. 

Duas horas e quinze depois, quatro e tanto da tarde, quando percebi que havia uma certa desorganização no procedimento de triagem, resolvi reclamar e ameacei chamar a polícia e - aí sim - chegou a nossa vez. Ao adentrar o local para atendimento, perguntei a uma funcionária - que parecia ser enfermeira - quantos médicos estavam atendendo e ela me respondeu com desdém: "Por que você quer saber?"  Eu, então, expliquei que todo mês uma fatia gorda do meu salário era subtraída para pagamento daquele local e ela, por fim, resolveu dar uma resposta que não me convenceu: "O outro médico está almoçando." Eu até acreditaria nisso, se já não tivesse perguntando para a recepcionista a mesma coisa, uma da tarde, e ela não tivesse dito que só havia um. 

Ontem, comentei com um dos diretores da Fundação sobre o acontecido e ele me disse que deveria ter dois médicos naquele horário. O fato é que, toda vez que você pergunta onde está o segundo médico, eles dizem que está no horário de almoço ou jantar. O membro da diretoria do HAMC também contou que o Pronto Atendimento é terceirizado. Os custos para manutenção, repassados pela prefeitura, não são suficientes para arcar com as despesas. Isso quer dizer que, mensalmente, o hospital precisa tirar verba não sei de onde (a entidade não tem fins lucrativos) para cobrir o déficit. Para piorar, toda vez que acontecer um descaso como o que aconteceu comigo, eu devo me reportar ao Marcos Paulo - Diretor do Hospital - para que ele ligue para a empresa contratada (se não me engano de Maria da Fé) e faça uma reclamação ao escritório deles para que alguma coisa aconteça - ou não. 

Agora me digam... Em uma cidade em que você NÃO tem opção alguma de saúde, a não ser buscar o pronto-atendimento, já que é difícil encontrar um médico de plantão, a prefeitura não deveria manter o local em perfeitas condições para que as pessoas não passem por um perrengue desgraçado toda vez que ousarem ficar doentes? 

Essa situação é vergonhosa. Ninguém fica doente porque quer e não é possível que a prefeitura não tenha condições de manter dois ou três médicos de plantão enquanto paga uma fortuna para seus secretários e diretores... A esperança é que, na próxima "gestação", essa situação seja revertida e a população possa se dar ao luxo de ver os pesados tributos serem revertidos em algo tão "fútil" quanto a saúde pública. Enquanto isso, evitem ficar doentes para não correrem o risco de entrar no Pronto Atendimento com catapora e saírem com enxaqueca. Ou, quem sabe, uma virose...

Protocolo de Manchester:
Sobre um dos comentários feitos abaixo:

Eu entendo o Comentário feito sobre as verbas, agradeço por ele, e fiz até algumas correções no texto por conta das informações prestadas. No entanto, acredito que se o Hospital precisa de mais verba para funcionar, é dever da prefeitura prover isso. O Hospital não tem fins lucrativos e é administrado por pessoas honestíssimas e que estão trabalhando como voluntárias e com a maior boa vontade possível. A prefeitura não faz favor nenhum à população quando oferece gasolina e motoristas porque somos obrigados a pagar nossos impostos e eles vão justamente para os gestores promoverem - no mínimo - o básico. Se o Hospital está ruim das pernas, a prefeitura tem que fornecer o que for preciso, sim, porque não temos outra alternativa. Abs, Carlos Romero.

9 comentários:

  1. Apesar de correto, há algumas inverdades. Primeiro, quem contrata a empresa que presta serviços no PAM é o proprio hospital e não a prefeitura. Esta empresa que presta serviços atualmente é de Maria da Fé e seus médicos são novatos oriundos de Itajubá. A prefeitura repassa para o PAM 150 mil reais em "cash", mais 3 motoristas tempo integral e duas ambulancias com tanque cheio. Além disso, toda a produção do PAM (o SUS paga pelos procedimentos) ficam para o hospital (renuncia da prefeitura- dona do PAM) dando um reforço de caixa de mais aproximadamente 60 mil reais. O hospital pagava aos médicos cerca de 70 mil reais por mes. O que ocorre é que o hospital é deficitário por incompetencia e pela precariedade de seus serviços e está sobrevivendo as custas do dinheiro do PAM. A prefeitura não pode ser responsabilizada.

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  2. Meu nome é Ailton Fontes eu gostei do artigo porque ja passei pelo mesmo problema ao levar um amigo para consulta. No comentário, digo que a prefeitura é responsável pela saúde e deveria prover caso o hospital estivesse dando conta de manter os gastos, como é o que está acontecido. Afinal, as pessoas que lá estao querem apenas o melhor para Santa Rita. Abraço e parabéns pela redação

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  3. Em Santa Rita, protocolo de manchester virou desculpa para atendimento fraco

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  4. Eu entendo o Comentário feito sobre as verbas, agradeço por ele, e fiz até algumas correções no texto por conta das informações prestadas mas acredito que se o Hospital precisa de mais verba para funcionar, é dever da prefeitura prover isso. O Hospital não tem fins lucrativos e é administrado por pessoas honestíssimas e que estão trabalhando como voluntárias e com a maior boa vontade possível. A prefeitura não faz favor nenhum à população quando oferece gasolina e motoristas porque somos obrigados a pagar nossos impostos e eles vão justamente para os gestores promoverem - no mínimo - o básico. Se o Hospital está ruim das pernas, a prefeitura tem que fornecer o que for preciso, sim, porque não temos outra alternativa. Abs, Carlos Romero.

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    1. Sr. Carlos, o senhor está repleto de razões. Nosso intuito, como o seu, é uma critica instrutiva que possa vir a trazer novas visões aos administradores e ao povo em geral. Pergunto-lhe: desde quando o senhor ouve falar que o hospital está em crise? O senhor sabia que o hospital é uma instituição privada? O senhor sabe desde quando o hospital depende da injeção de dinheiro público e a prefeitura não dispoe de verbas ilimitadas? De onde remanejar verbas, dos atendimentos ambulatoriais? Dos PSF? Das vacinas ou a prevenção de epidemias? O senhor sabe que o hospital é uma das instituições mais desgastadas da cidade? O que precisamos, Sr. Carlos, é de soluções e não de mais esmolas que oneram o erário público e ainda não causam impacto resolutivo. O hospital precisa ser no mínimo auto-suficiente! O que ocorreu foi que o hospital parou no tempo. Pessoas pouco mais esclarecidas e informadas, fogem do hospital e migram para Pouso Alegre ou outros centros à procura de bons tratamentos. Portanto, ficaram no hospital de Santa Rita apenas aqueles que não tem intensão ou a condição de migrar e são atendidos por médicos que sequer residem na cidade e que não tem nenhum tipo de ligação afetiva com ele e com a população. O hospital deveria ser revisto e seu corpo clinico re-erguido. Não vejo ninguem melhor que nossos médicos tradicionais para tocá-lo e tentar re-estrutura-lo. Hoje vejo investimentos em clinica de diagnóstico PRIVADA dentro do hospital que não traz nenhum beneficio para a instituição e ainda afugenta e traz desconforto por desprestigiar os serviços profissionais de médicos locais tais como os do Dr Fernando Vilela, Dr. Dráuzio, Dra. Elizabete e Dr David. Estão no caminho errado!

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    2. Romero, este leitor detém a razão. Já ouvimos muito por muito tempo sobre a crise do hospital. Já fomos conveniados da amivida, já compramos rifas, já ajudamos de todas as formas e jeitos e nada ocorreu. continua a mesma ladainha de sempre. Há necessidade de um choque. Ontem, foram levar a Zoraia em casa e a derrubaram no chão. Fraca, doente, com dores, a Zoraia esta agora toda machucada. Falta carinho, falta atenção e falta competência. Assim nao vai! Por que nao fazem uma proposta generosa para algum medico competente dedicar-se exclusivamente ao hospital?

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  5. Romero, brilhante texto publicado, mas infelizmente não vejo melhoras na área de saúde ou qualquer outra área com os eleitos. O prefeito eleito já mamou bastante, e já está com desculpas de que será um sacríficio pagar os servidores. Acredito na dificuldade de pagamento, mas numa prefeitura que 40% são catgos comissionados nunca terá dinheiro para o lado necessário e básico para a municipalidade. O protocolo de Manchester, igual fora citado acima, é somente uma desculpa para INCOMPETÊNCIA GERAL.

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  6. O melhores Hospitais de Santa Rita são: Samuel Libânio, Santa paula e Renascentista.

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