A primeira ocupação de João foi aos 10 anos, no antigo engenho de fubá do senhor José Pereira. De origem muito humilde, o rapaz usou sapato pela primeira vez aos 16 anos e labutou muito até se tornar um reconhecido comerciante.
Já adulto, os ventos mudaram quando ele passou a comprar mercadorias em São Paulo e vendê-las em torno do velho Mercado Municipal (demolido). “Comecei minhas vendas com dois rádios e duas dúzias de chinelos de dedo. Eu tinha viajado a passeio, vi aquelas mercadorias, achei baratas e resolvi comprar para experimentar. Como vendi tudo rapidinho, voltei correndo e trouxe outras coisas.” Entre uma viagem e outra, o comerciante passou a descobrir as novidades da capital paulista e trazer aos consumidores. Em sua banca tinha de tudo. “Quando algum cliente queria algo que eu não vendia, eu pedia o prazo de uma semana e sempre trazia pra ele alguns dias depois”. Com tantas ofertas, o comerciante prosperou, mas sua grande jogada foi adquirir uma máquina italiana da marca Yuki, para fabricação de sorvetes. João ainda se recorda do sucesso de seu empreendimento, quando apareceu por aqui: “Em três festas - Santa Rita, Piedade e de Cachoeira – eu já paguei a sorveteira. As pessoas faziam até fila para comprar meu sorvete!” Seu equipamento era bem inovador para a época. Com diversos copos de suco, feitos à base de gelatina, a molecada escolhia o sabor e o sorvete era produzido na hora. Como em um passe de mágica, eram criados enormes sorvetes de limão, laranja, uva, abacaxi, groselha ou morango.
Muito conhecido pelos habitantes da cidade, João tinha ponto cativo na calçada em frente à antiga residência de Frederico de Paula Cunha e não havia criança que não o conhecesse. Sempre acompanhado dos filhos, o vendedor de sorvetes também rodava todas as festas da região e, certa vez, enquanto saía de Cachoeira pela madrugada, a porta abriu e dois de seus meninos ficaram pelo caminho. João conta que, após se recompor do enorme susto, sua Kombi pôde prosseguir novamente e estava pronta para uma nova aventura.
Alguns anos depois, uma outra novidade tornou-se sensação entre crianças e adultos de Santa Rita. João trouxe uma máquina de churros, até então desconhecida por aqui. Sua aposta foi tão certeira que, até hoje, o produto continua sendo seu carro-chefe.
A última jogada do comerciante no ramo das novidades ainda não vingou. Ele conta que, em uma das viagens que fez a Porto Seguro, na Bahia, resolveu trazer três coqueiros dentro do avião e plantou em suas terras. “Duas árvores vingaram, mas ainda não deram coco.” – conta.
Ao ser questionado sobre o segredo do sabor de seus produtos, João conta que a fórmula é a mesma dos outros, mas que procura fazer tudo com amor. Depois de tantos anos alegrando a criançada, o comerciante diz que muitos de seus antigos clientes, agora levam os filhos e netos para comerem os churros. “Fico muito feliz. Isso é o que me faz continuar.”
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