terça-feira, 19 de julho de 2011

O jornalista Luiz Nassif e seus tempos de estudante em Santa Rita do Sapucaí

A primeira vez que ouvi Chico Buarque de Hollanda eu devia ter uns 14 ou 15 anos. Foi em um programa da extinta TV Tupi, não sei se Almoço com as Estrelas ou um programa do Fernando Faro. O cantor tocava seu violão e nem olhava para a câmera. Acho que cantava “Pedro Pedreiro”.

No início de 1965, com 15 anos incompletos, passei seis meses estudando Eletrônica, em Santa Rita do Sapucaí. Fui morar na república WC, a mais barra pesada da cidade, liderada pelo itajubano José Saia, que exibia no braço esquerdo marcas que, assegurava, eram de navalhadas que recebera de Mineirinho, o mais célebre bandido da época.

Toda manhã acordava com meu companheiro de beliche, Salário Mínimo, de São José dos Campos, tocando no violão a valsa “Subindo aos Céus”, de Aristides Borges.

Música antiga, só na WC. Nas noitadas de Santa Rita, reinava a bossa nova, com o violão do Salário Mínimo, de São José, do Tota, de Poços de Caldas, a voz do Marcão, de Ouro Preto. Em cada serenata se punham literalmente de joelhos quando falavam de Vanda Sá, a Vanda Vagamente, musa absoluta, cujo retrato estava em um altarzinho na república WC.

Quando voltei a Poços, no segundo semestre de 1965, foi que teve início a era Chico Buarque de Holanda. Chico estourou, ao lado de Geraldo Vandré, no famoso Primeiro Festival da Record. Politizada, nossa turma torcia pela “Disparada”, de Vandré. Mas nas serestas, nossa companheira era “A Banda”, de Chico. A televisão, ainda novidade, transformou a disputa no fato nacional mais comentado do período. Pouco depois, “Olé Olá” foi lançada e transformou-se em hino nas nossas serenatas.

Luis Nassif

Introdutor do jornalismo de serviços e do jornalismo eletrônico no país. Vencedor do Prêmio de Melhor Jornalista de Economia da Imprensa Escrita do site Comunique-se em 2003, 2005 e 2008, em eleição direta da categoria. Prêmio iBest de Melhor Blog de Política, em eleição popular e da Academia iBest.

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