Cacilda Guimarães?
Se perguntássemos em Santa Rita do Sapucaí por uma jovem chamada Cacilda Guimarães, possivelmente ninguém daria notícias. No entanto, caso nos referíssemos a ela através do nome pelo qual ficou conhecida, Irmã Rita, centenas de pessoas iriam reconhecê-la como uma das almas mais caridosas e amáveis que já passaram por aqui.
A vida e a vinda
Terceira filha de Augusto Avelino Guimarães e Maria Pereira Magalhães, Irmã Rita nasceu em 1902 na cidade de Patrocínio de Muriaé, em Minas Gerais.
Ninguém sabe ao certo quando a jovem teria entrado para a Congregação das Servas de Maria do Brasil, com sede em Jacarepaguá. Sua vinda para Santa Rita do Sapucaí se deve ao fato de que o primeiro hospital da cidade, conhecido por Santa Casa de Misericórdia, tinha as devotadas “Servas de Maria” como administradoras.
Em nome da caridade
Irmã Rita chegou até aqui para desempenhar trabalhos de costura. Mais tarde, sua devoção aos enfermos e sua religiosidade sem limites fizeram dela também enfermeira e catequista. Quem a conheceu de perto conta que jamais viu alguém se entregar tanto ao próximo sem pensar um segundo sequer na própria saúde. Apesar de haver contraído uma “tuberculose óssea” gravíssima, Rita não deixava de atender seus pacientes. Dr. Oswaldo, um dos médicos que atendiam na Santa Casa, e único responsável pela saúde da Irmã, ficava admirado ao ver que ela não reclamava da dor dilacerante que sentia. Além dele, outros três médicos atendiam na época: Dr. José de Abreu Azevedo, Dr. Edmundo Prado Moreira e Dr. Joaquim Barbosa de Figueiredo.
O término de uma missão
Amada por todos os santarritenses, Irmã Rita foi chamada a retornar para a congregação, mas logo pediu para que continuasse trabalhando na Santa Casa. Muito doente, a jovem empregou todas as suas energias aos menos favorecidos até sua morte prematura, aos 25 anos de idade, duas horas depois da chegada do ano de 1927. Seu sepultamento aconteceu no antigo cemitério da cidade, localizado nos arredores da Santa Casa, e lá permaneceu até a criação do atual cemitério, quando seus despojos materiais foram transferidos para um novo local. Seu túmulo é o primeiro à esquerda, no ponto mais alto do cemitério e talvez ela tenha sido a primeira a ser levada para lá.
Patrimônio local
Segundo contou a Irmã Maria Celina, superiora das Servas de Maria, a vontade da Congregação foi, por muito anos, transportar os despojos de Irmã Rita, mas o pedido foi negado pelo então prefeito Arlete Telles Pereira que reconheceu que sua presença tinha grande relevância para os moradores da cidade.
Devoção
Décadas depois, a pequena cape-linha construída por Sinhá Moreira por volta de 1957, acabou se tornando o local mais visitado de nosso cemitério. A foto que adorna o túmulo, gravada em porcelana e doada por Dona Marieta é, possivelmente, a única existente de Irmã Rita. O original, que retrata Dr. Barbosa, Dona Carlotinha, Dr. Oswaldo, Irmã Rita e outras Servas de Maria, encontra-se hoje na casa de Carlos Alberto Campos do Amaral. Ninguém sabe quem doou a placa de mármore e os demais artefatos que adornam o local. Possivelmente foram construídos por alguém que obteve sua interseção em alguma graça alcançada.
Retribuições aos benefícios conquistados junto a Deus são muito frequentes no túmulo de Irmã Rita. É muito comum vermos velas acesas ou flores. No dia de finados, o chão de sua capelinha parece se transformar em um mar de cera quente. Ao que parece, o carinho dessa querida devota de Deus aos nossos conterrâneos é mais forte do que podemos imaginar. Afinal, a intuição parece apontar que suas obras não tiveram fim quando sua existência foi abreviada prematuramente. O reconhecimento de nosso povo denota sua incrível presença.
Texto baseado nas pesquisas de Maria José Viana, Cônego José Carneiro Pinto, Marcos Flávio, Marco Antônio Mattos e Eliete Schuwartz
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