quinta-feira, 2 de junho de 2011

Delfim Moreira ensina a fazer uma grande festa sem desembolsar um único centavo

Entre as missões mais difíceis de que nos incumbiram, com outros três colegas, merece referência a de arrancar do Dr. Delfim Moreira, Secretário do Interior, dois contos de Réis para a recepção do Conselheiro Afonso Pena, depois de sua viagem triunfal pelo país, antes de tomar posse na Presidência da República.
Dr. Delfim negou o auxílio pecuniário e não houve argumentos para demovê-lo. Empacou na negativa seca e peremptória:

- Não dou um vintém. Não há dinheiro.

Replicamos que, então, não haveria manifestação ao grande mineiro, fundador da Faculdade de Direito e seu diretor. Um mais afoito insinuou que tal atitude parecia denotar propósito do Governo em impedir a manifestação.

Fechando um dos olhos, como era seu costume, sorridente e amável, Delfim Moreira nos deu a seguinte lição de cumplicidade mineira:

- Ninguém admira mais o Conselheiro do que eu. Ninguém deseja mais vê-lo prestigiado do que o Governo de Minas. Mas não há dinheiro e vocês podem fazer a festa sem ele.

Fez uma pausa e concluiu:


- Aqui em Minas a gente faz manifestação com arcos de bambus e folhagens. O Parque e o seu pessoal estão à disposição. Tenho bandeiras e bandeirolas. Mando entregar todo o material da recente concentração escolar. Vai ter até banda de música! Vai a do 1º Batalhão da Polícia. Agora, o mais importante: entusiasmo! Isso depende de vocês. Meus amigos, a única coisa essencial numa manifestação é entusiasmo. Havendo entusiasmo nem é preciso banda de música, folhagens e bandeirolas.

Texto retirado da obra: “Capítulos de Memórias”, de Daniel da Carvalho

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