No dia 25 de setembro de 1891 chegava a Itajubá, oficialmente, a Estrada de Ferro Sapucaí, depois de grandes esforços realizados pelo parlamentar Silvestre Ferraz que, por esse mesmo motivo, emprestou seu nome à nossa tradicional “rua da ponte”. Em Santa Rita, a ferrovia chegou três anos depois – em 23 de agosto de 1894 – por macios e ondulantes caminhos.
Um dos trabalhadores da nova estrada chamava-se Antônio Rodolfo Adami. Italiano que gostou dessa terra e por aqui plantou a semente da grande família Adami. Conta Ideal Vieira que, quando seu Rodolfo passava pelas terras dos fazendeiro Francisco Palma, este o convidou para chefiar sua turma de plantadores de café, ao que o Italiano respondeu, com orgulho: “Eu sou plantador de trilhos!”
Antônio Paulino, ao lado dos filhos Cássia e Joãozinho, assistiu à chegada da primeira locomotiva. Cássia estava exultante. A ponta daqueles trilhos conduzia ao Rio de Janeiro, independente se era tempo de chuva ou de seca. Não havia a necessidade de calcular o peso das mercadorias e nem mais esperar pelo retorno das vagarosas tropas. Ali estava, finalmente, vibrando no aço das caldeiras e expirando jatos de vapor.
A primeira locomotiva, de nome Cristina em homenagem à terra natal de Silvestre Ferraz, chegou à frente de oito vagões. A estação foi batizada de Afonso Pena em homenagem ao então governador do Estado de Minas entre os anos de 1892 e 1894. Houve muita festa na inauguração. O Sr. Antônio Moreira da Costa foi o anfitrião e ofereceu muitos doces e vinhos aos convidados.
No começo, o nome da Estação – Afonso Pena – causava muita confusão. Alguns viajantes, desavisados, pensavam que Santa Rita não era servida por rodovia e passavam reto quando o trem chegava à estação e era anunciado o nome do governador.
Marino Briguenti, que quando mudou para Santa Rita morava perto da estação, sempre brincava: “Afonso Pena é uma boa cidade para se morar!”
Com os trens, começou um intenso movimento na margem esquerda do Sapucaí. Carroças carregavam mercadorias, charretes e carros disputavam lugar junto às rampas da plataforma. Francisco Andrade Ribeiro montou uma máquina de café bem ao lado da estação. Próximo aos trilhos, Francisco Moreira construiu um grande armazém para depositar a rubiácia a ser exportada. Surgiram em torno da estação, residências, casas de negócios e dois hotéis.
Desde então, a mocidade santarritense fez da estação um local para passeios elegantes nas horas de chegada do trem: nove da manhã, quatro da tarde e nove e meia da noite.
O fim de uma era
No governo Sarney, a estrada de ferro foi extinta. Quinhentos quilômetros de trilhos foram arrancados sob a alegação de que não davam lucro, como se a função do Estado fosse enriquecer-se.
O fim de uma era
No governo Sarney, a estrada de ferro foi extinta. Quinhentos quilômetros de trilhos foram arrancados sob a alegação de que não davam lucro, como se a função do Estado fosse enriquecer-se.
Nos últimos anos, a antiga estação havia sido transformada em um centro de artesanato; local que oferecia aos turistas um pouco do que é produzido em nossa terra. Uma das poucas iniciativas para incentivo à cultura, ao lazer e turismo que tivemos em décadas, esta obra também já não existe mais. Atualmente, o local encontra-se abandonado. Os velhos trilhos deram lugar ao asfalto e o romantismo dos trens foi trocado pela velocidade.
(Texto baseado nas Obras “Crônica das Casas Demolidas”, de Cyro de Luna Dias, nas crônicas de Ideal Vieira e no livro “Memórias e Emoções” de Edméa Carvalho)
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