O Coreto

As cidades também têm vida e podem ser comparadas com o organismo humano. Algumas morrem ainda jovens e outras, no entanto, duram séculos, mas todas elas sofrem modificações, se transformam. As ruas são  artérias palpitantes  por onde correm  homens, mulheres e veículos, de todas as idades, como o sangue que alimenta as células. Algumas são artérias largas com muito movimento, outras são veias capilares, estreitas, que irrigam alguns bairros. São muitos os seus  pontos vitais como as praças. Para Castro Alves, o poeta sonhador da liberdade, a praça foi feita para o povo. “Na praça cantaram os poetas / os amores e  desenganos /como quem chora ou quem ri / das alegrias e danos”.

Assim cantei em outras épocas

Olho para as diferentes fotos da Praça Santa Rita e contemplo as várias modificações que ela sofreu. Praça da década de 40 com a fonte do jacaré, praça com iluminação a gás, praça com as quatro casas, com a Igreja original, com a mesma em reforma, ou já reformada. São tantas as praças como  tantas  são as remoções. E em todas elas o carinho do povo e a presença do coreto. Este também se modificou, mudou de vida, criou atitudes, serviu de palco para comícios, foi confidente de namorados e foi alegria com a música de muitas bandas. Belo, estiloso, histórico, ele é o símbolo de uma época e de um modo de vida. Em Poços de Caldas, aos domingos, o povo dança em volta do coreto, ao som das músicas de uma banda.  Aqui em Santa Rita, já vi muita gente dançar em frente ao coreto, no embalo da Lira Santarritense.

Agora, por algum tempo, ele será a Casa do Papai Noel, fertilizando a mente das crianças com alegrias e fantasias, distribuindo e inventando sonhos. É Natal, celebração do Amor de Deus. Que em cada  rosto haja mais sorrisos e menos lágrimas; em nosso coração, mais amor e menos ódio; em nossa alma, mais esperança e menos temor e que as amizades, de tão sinceras, tragam a esperança da eternidade.

(Matéria veiculada no Natal de 2009 pelo amigo Ivon Luiz Pinto)