terça-feira, 9 de novembro de 2010

Heleno, o Beatlemaníaco

Há quanto tempo tempo voce é aficcionado pelos Beatles?

Eu comecei a gostar da banda quando ainda morava em Itajubá. Passava na Rede Tupi um programa chamado The Beatles Cartoons. Era um desenho animado em que eles tocavam. Eu sempre chegava da escola e adorava assistir ao desenho por causa daquelas músicas. Naquela época, lá em casa, ainda não tinha som, mas eu sempre falava que no dia em que tivesse um carro, gravaria aquelas músicas para poder ouvir.

Naquela época era difícil encontrar os discos para vender?

Naquele tempo não era muito difícil encontrar os discos porque tinha na rádio. Então, sempre que algum amigo meu falava sobre algum lançamento eu ia lá e gravava. Algum tempo depois, quando eu voltei de Belo Horizonte onde eu trabalhava como engenheiro, passei a morar sozinho e falei: “Agora eu vou comprar a minha coleção dos Beatles!”. Em maio de 1989 eu fui à Itajubá e comprei todos os discos de uma vez só.

Todos os discos?

Os quatorze discos! Do primeiro ao décimo quarto. Eu lembro que os quatorze discos custavam um salário mínimo. Daí eu comprei o som no mesmo dia. Todo dia eu tomava banho com uma caixa acústica dentro do banheiro! Uma vez até molhou o alto-falante, mas não chegou a estragar. Então eu comprei um vídeo, aquele famoso G9, e comecei a procurar fitas do grupo.

Você também era fã de uma Banda Cover dos Beatles, né?

Um dia eu estava em Belo Horizonte, em uma loja de discos, quando uma moça que estava na loja me falou que tinha um grupo chamado Hocus Pocus que era uma coisa maravilhosa. Ela então me contou que eles dariam um show naquela semana, no Olímpia. Na verdade, eu achei que o show poderia ser bom, mas nunca esperei que seria aquilo que eu vi naquela hora! Quando eu entrei no Olímpia e vi aquelas 140 mesas todas com toalhas brancas, jogo de luzes e a banda começou a tocar naquele palco eu fiquei fissurado!
Eu voltei para Santa Rita no outro dia, mas fiquei fascinado com o que havia visto. Não agüentei. No outro dia eu estava de volta lá em Belo Horizonte para rever o espetáculo! Eu falei: “Vou voltar e vou gravar!” Naquela época era muito difícil. Pouca gente fazia serviços de filmagem. Daí eu peguei aquela lista amarela e fiquei procurando quem filmava por lá. O único que fazia o serviço era um tal de Cláudio que disse que cobrava 50 dólares. Daí eu falei pra ele: “Onde é que eu vou comprar dólar essa hora, rapaz?” E ele respondeu: “Faz a conversão que tá tudo certo!” Daí eu combinei com ele na porta do Olímpia, e fui pra lá. Eu tive que mentir pro segurança que eu era empresário pra ele me deixar entrar no camarim! Então eu entrei no camarim e me apresentei. Quando eu falei que era de Santa Rita um dos músicos riu. Ele falou: “Você tá brincando! Eu sou formado lá! Eu fiz a FAI! Fiz informática em Santa Rita! Sou de Itajubá!”

E eles deixaram você gravar?

Eu pedi para eles deixarem eu filmar e eles falaram que podia. Daí entramos com aquele tripé, câmera e começou a dar aquela bagunça lá no meio... Pessoal começou a dizer que a câmera estava atrapalhando... mas nós filmamos!

Você ficou amigo do pessoal da banda?

Eu fiquei amigo deles e comecei a voltar toda semana. Depois disso eu voltei lá vinte e quatro vezes! Eu ainda fui em shows deles em Campo Belo, em Campanha, em Lagoa da Prata... Em Lagoa da Prata teve até uma passagem interessante. Em um determinado momento, eles pararam o show e falaram: “Temos aqui um Beatlemaníaco! Este que é o nosso fã número dois!” Daí eu quis saber quem era o número um! O “um”, eles falaram que era uma moça que estava presente lá e que era uma tal de Maurélia! Depois eles me contaram que ela já tinha ido em mais de oitenta shows deles.

Como foi aquela história de quando roubaram seus discos?

Durante o tempo em que eu morava perto do Bar do Bá,  eu tinha feito nove fitas de vídeo do Beatles. Levei muito tempo para montar as fitas porque eu editava e deixava apenas as partes mais importantes. Aí no carnaval de noventa e seis, no dia do meu aniversário, a Dona Nelma me convidou para desfilar no carro alegórico do Bloco dos Democráticos, com o Luciano Adami de um lado e eu do outro. E saímos no bloco! Foi maravilhoso aquele desfile, mas eu estava com uma dor de cabeça muito forte e pedi para uma amiga minha me deixar em casa. Quando eu cheguei na esquina de casa, falei pra ela: “Pára que eu fui roubado!” O portão de casa estava escancarado. Quando eu abri, haviam levado geladeira, fogão, vídeo e também todas as minhas fitas! Eu corri na rádio, na mesma hora, e falei que pagava 500 dólares para a pessoa devolver somente  as minhas fitas! Eu levei oito anos pra fazer! Só queria aquelas fitas de volta. Nada! Nunca mais eu achei aquele material.

Você colocou no prédio que construiu o nome “The Beatles”?

Eu estava em um show da banda cover dos Beatles e comentei com eles que estava querendo colocar o nome dos Beatles no prédio. Eles acharam que eu estava brincando. Achavam que o CREA não iria registrar. Eu registrei e eles, em um show que vieram aqui foram lá conhecer o predinho e tudo. Eu queria colocar, em casa sala, o nome de uma música. Mas eu acabei vendendo algumas salas e não deu certo.
Ouvi dizer que no dia do a-niversário de morte do John Lennon você colocou uma tarja preta no braço...

Isso foi uma brincadeira. Quando o John Lennon fez vinte e cinco anos de morte, eu falei para um amigo que estava tão sensibilizado com a morte dele que iria até colocar uma tarja preta no braço. Daí eu passei no Sampaio, comprei um elástico preto e coloquei no braço, de brincadeira... Mas foi só uma vez...

Quais são as suas maiores paixões?
Eu gosto mesmo é dos Beatles! Existem muitas músicas do Lennon que o pessoal ainda não conhece! E eu gosto muito dele porque era um pacifista e os beatles surgiram em uma época em que as pessoas estavam muito traumatizadas pelo final da guerra. Os pais chegavam em casa e não sorriam. Havia muita mágoa no ar e eles vieram para trazer alegria. Eles vieram no tempo e na hora certa.

Qual é o seu disco preferido?

Sem dúvida, é o Abbey Road!

Nessa época, cada integrante estava produzindo suas faixas sozinhos, né?

Isso mesmo! Foi feito em sessenta e nove. Uma época em que já tinha a Yoko e eles já tinham separado. Eles só se reuniam para gravar. A Yoko teve sua culpa, o dinheiro teve sua culpa e também foi por causa da evolução da própria cabeça de cada um deles.

Aqui em Santa Rita tem muitas pessoas que tocam as músicas dos Beatles?

Aqui tem o famoso Ganso e um amigo dele que tocam muito bem. Eles ficam aqui perto do coreto e são muito bons! E tem também o grande Alanzinho, né? Esse sola muito bem!

Para finalizar, deixe-nos uma frase.

Tem quatro coisas no vida que quase todo mundo conhece: Jesus Cristo, Pelé, Coca-cola e Beatles.

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