segunda-feira, 17 de setembro de 2012

Como o "11 de setembro" influenciou a sua vida?

De todas as criaturas da Terra, possivelmete, fui o último a saber do atentado às torres gêmeas. Em 2001, eu ainda era estudante: trabalhava de tarde, estudava de noite e saía de madrugada. Como havia ido a uma balada, um dia antes, cheguei em casa mais ou menos quando o primeiro avião se jogou contra a torre sul, mas nem passei perto da televisão. Só quando acordei, na hora do almoço, foi que um colega de república disse que o World Trade Center havia sido alvo de um atentado terrorista. “World Trade o quê?” Confesso que nunca tinha ouvido falar daqueles dois riscos de concreto que cortavam o céu de Manhattan. (Por Carlos Romero)
Onze anos depois da tragédia, o mundo nunca mais foi o mesmo. Bilhões foram dizimados com aqueles edifícios, a América torrou o que não tinha para derrotar uma organização escondida em um dos países mais pobres do mundo, bancos foram socorridos com o dinheiro dos contribuintes americanos (a banca nunca quebra), multinacionais faliram e o mundo inteiro tremeu com uma grande crise financeira. Será que Bin Laden imaginou que sua ação terrorista levaria o país mais poderoso do mundo a raspar os cofres e a ameaçar um calote monstruoso, depois de uma década? Provavelmente não.

Algumas pessoas podem pensar: “O que uma cidade no interior do Brasil tem a ver com isso?” Tem muito. Neste exato momento, enquanto os EUA correm atrás do prejuízo, a China, que estava na fila há muito tempo, tomou a dianteira, mais rápido do que o esperado, e assumiu as rédeas do comércio mundial. Hoje em dia, não há nada que aquele povo não fabrique. Quer componentes eletrônicos? Traz da China. Quer vender equipamentos? O sobrinho do Mao Tse Tung fabrica. Preparem-se para estudar mandarim. As regras mudaram completamente no novo milênio e o fatídico 11/09 também teve grande relevância. Como driblar essa nova tendência mundial onde uma mosquinha no himalaia pode causar um tufão na rua do queima? Esta é uma fórmula que nenhum engenheiro local parece ter solucionado ainda.

Para comprovar o impacto que o ataque ao WTC teve na vida de alguns habitantes de Santa Rita do Sapucaí (interior de Minas), pedimos para que algumas pessoas contassem o local exato onde estavam quando souberam da notícia. Cada uma delas vivia um momento distinto, mas, em todos os casos, aquele dia nunca mais saiu de suas memórias. Como disse o santarritense Dimas Oliveira, que hoje mora em São Paulo: “Até quando aquelas terríveis cenas parecerão inéditas para mim?” Como tudo que traumatiza fica gravado nas nossas retinas, muitos santarritenses lembram o que estavam fazendo no momento da tragédia. 
Veja os depoimentos a seguir:

“Eu estava em casa matando aula porque tinha prova de biologia e não tinha estudado. Como fiquei sem ter o que fazer, estava assistindo Maria do Bairro e, de repente, surgiu o PLANTÃO DA GLOBO mostrando o desastre...”
(Joice Carneiro Brandão)

“Eu estava trabalhando no Colégio Tecnológico, quando a professora Ana Cristina chegou falando que estavam atacando os Estados Unidos... Pensei: ”É o fim do mundo!”, literalmente...Enfim, foi o fim de um mundo que conhecemos. Daquele dia em diante, o mundo mudou para sempre...
(Maria Luiza Amaral)

“Eu estava dando aula e, quando disseram, fiquei pasma. Até hoje me lembro disso. Nunca vi uma catástrofe tão gratuita e tão marcante. O mundo nunca vai esquecer!”
(Sandra Mara Rocha)

“Me lembro perfeitamente desse dia. Eu estava começando o meu dia de trabalho na Ericsson e um amigo me ligou me dando a notícia. Ele estava atordoado. Conversava comigo e, ao mesmo tempo, se questionava se o que estava vendo na TV era algum filme. Ele descrevia o que via na TV e, de repente, falou: “ Peraí! Estão atacando a outra torre! Não... não é repetição da primeira. É a outra torre mesmo!” Nessa hora, eu já tinha conseguido chegar a uma sala em que tinha TV e algumas pessoas estavam assistindo ao noticiário. Ficamos embasbacados. Algumas semanas depois, fui para os EUA e, aí sim, senti o terror deles. Tive que passar pelo detector sem sapatos, pegaram meu notebook e entraram numa sala e só saíram de lá 30 minutos depois. MEDO... todos eram INIMIGOS.”
(Stela Garcia)

“Eu morava em Pouso Alegre e assisti pelo UOL. Demorou para cair a ficha, pois achávamos que o território americano era inviolável. Acho que o coração de todos que estavam vendo aquilo parou por uns instantes. Depois fiquei imaginando a agonia das pessoas que estavam no WTC e nos familiares que sabiam que algum parente ou amigo estava no local. Ainda hoje, quando vejo uma fotografia, me emociono.“
(Cleudys Bertelli Junior)

“Eu estava em uma reunião no Piauí e fiquei sabendo quando liguei meu radinho de pilha, na hora do intervalo. No início, não acreditei no que ouvia e voltei para a sala para contar aos amigos sobre o fato. Foi muito triste.”
(Pe. Guy Jorge Ruffier, SJ)

Um amigo telefonou e disse para eu ligar a TV porque uma das torres gêmeas havia sido atingida por um avião. Tanto eu como esse amigo somos pilotos de avião e, quando vi, achei que tinha sido um acidente. Estávamos ain-da falando ao telefone quando a segunda foi atingida. Vimos aquilo no exato instante e, pela forma com que o segundo avião atingiu a torre, ficamos com a quase certeza de que não era acidente!
O que marcou mais é que eu tenho umas fotos das torres que tirei em 1988. Não sei agora exatamente a data, mas lembro que, na maior cara de pau, deitei no chão da praça onde ficavam as torres para poder tirar foto do prédio inteiro. Foi curioso porque, enquanto eu fotografava, um colega dava as explicações de que eu não estava passando mal e, sim, apenas fotografando. 
(Alberto Paduan)

Eu estava trabalhando nos EUA, não exatamente em Nova Iorque, mas no estado da Flórida. De qualquer modo, os efeitos da catástrofe se espalharam rapidamente por todo país. Logo após o atentado, todos os parques de Orlando foram evacuados e, em menos de uma semana, mesmo todos sabendo da ineficácia, esgotaram-se os estoques comerciais de proteção respiratória para controle da exposição a agentes biológicos, como o bacillus anthracis. Acreditava-se em outros ataques, e um dos temores eram as armas biológicas. Outro fato que chamou-me a atenção, foi que muitos amigos americanos mergulharam-se em um sentimento de rejeição e sempre me indagavam, como estrangeiro, o que eu pensava deles. 
(M. Fernando)

2 comentários:


  1. Eu estava trabalhando nos EUA, Carlos, não exatamente em Nova Iorque, mas no estado da Flórida. De qualquer modo, os efeitos da catástrofe se espalharam rapidamente por todo país. Logo após o atentado, todos os parques de Orlando foram evacuados e, em menos de uma semana, mesmo todos sabendo da ineficácia, esgotaram-se os estoques comerciais de proteção respiratória para controle da exposição a agentes biológicos, como o bacillus anthracis. Acreditava-se em outros ataques, e um dos temores eram as armas biológicas. Outro fato que, à época, chamou-me atenção, foi que muitos amigos americanos mergulharam-se em um sentimento de rejeição e sempre me indagavam, como estrangeiro, o que eu pensava deles.
    Carlos, parabéns pelo seu trabalho, estou sempre prestigiando o Empório de Notícias. Abs, M. Fernando.

    ResponderExcluir
  2. Que legal essa reportagem! Parabéns! Julio Marques

    ResponderExcluir