quarta-feira, 28 de setembro de 2011

A rotina de um morador de rua

Tudo mundo vê, mas ninguém sabe ao certo como é a vida de um simples andarilho. Ao caminhar pelas ruas de Santa Rita atrás de um desses homens sem paradeiro, encontramos um senhor de 56 anos, vindo da cidade de Assai, no Paraná. Uma pessoa de agradável comunicação, que tenta ganhar a vida catando papelão e outros “restos” de materiais, comprados por alguns comerciantes.
Caindo na vida

O Senhor Hélio Rodrigues saiu de casa por desentendimentos entre ele e a família. Ao cair na vida, viveu momentos de grande dificuldade mas não perdeu a coragem. Quando lhe perguntamos se ele é feliz, respondeu com toda a certeza do mundo: “Até hoje, todos os dias”.  O homem simples, que caminha invísível por nossas ruas empurrando uma carroça, exibiu, com muito orgulho, os documentos, que comprovam a sua existência. Mesmo fingindo não ver, os governantes sabem que ele existe.

Figura do povo

Seu Hélio foi cumprimentado várias vezes durante a entrevista por pessoas que passavam ao nosso lado. Ele disse que é bastante conhecido na cidade e que tem um carinho enorme pelo povo santarritense que o acolheu com tanto calor e verdade. Ele até deixou um abraço especial para o Zé Garcia, guarda da empresa Sensotron, a todo o pessoal da Pizzaria Na Lenha que o ajuda dando o que comer todos os dias, e ao Rafael do Ferro Velho, que lhe empresta a carroça para que consiga recolher seu material reciclável.

Lembranças que ficaram

Ao falar de sua família, Hélio se emocionou muito. Disse que sente muita dor e saudade, mas que prefere ficar por aqui mesmo e evitar determinados conflitos. Segundo conta, sua vida não é a melhor do mundo, mas está satisfeito do jeito que está.
Insegurança

Durante a nossa conversa, Hélio se queixou da falta de segurança da cidade. Mesmo vivendo na pobreza, ele afirmou que já foi roubado diversas vezes. O andarilho nos contou também que alguns ladrões chegaram a invadir seu barraco, localizado no meio do mato, nas redondezas da Nova Cidade, e levaram tudo o que ele tinha: botijão de gás, cesta básica e alguns utensílios que havia ganhado ou comprado. Com muito esforço, vivendo há três anos em nossa cidade, Hélio disse que não esperava que fosse vítima de um roubo, mas garante que não guarda mágoas. Ele sabe que existem pessoas de todos os tipos e que entre tanta maldade ainda existem pessoas muitos boas.

O sonho de um homem bom

Para finalizar, pedimos ao homem simples e honesto que nos falasse sobre seus sonhos. Com um sorriso no rosto, Hélio desabafou: “Queria ser caseiro de alguma fazenda, para que pudesse cuidar de tudo, assim como fazia na época mais feliz da minha vida, quando era boiadeiro”. Esse é o sonho de uma pessoa que caminha pela terra sem grandes necessidades. Este é o sonho de um de nossos irmãos que compreende que, para ser feliz, é preciso caminhar leve.

(Por Gabriela Santucci)
Esta reportagem é um oferecimento de:

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