segunda-feira, 14 de março de 2011

Dólar barato tem efeitos diferentes nas empresas

A sobrevalorização do real frente ao dólar tem causado efeitos distintos nas indústrias do Vale da Eletrônica de Santa Rita do Sapucaí, no Sul de Minas, em função do perfil de cada empresa da região. Aquelas que atuam no mercado interno sofrem com a invasão de similares asiáticos com preço bem mais baixo. Já as que importam insumos e trabalham com itens muito segmentados conseguem manter os clientes e baratear o custo de produção.
A Líder Segurança Eletrônica é uma das companhias que têm sofrido com a questão cambial. Os investimentos previstos para 2011 não são para ampliar a produção ou expandir a estrutura física, mas para readequar os rumos da empresa, com o objetivo de diminuir os custos e aumentar a produtividade e, assim, concorrer com os chineses.

"Não terceirizamos mais praticamente nenhuma etapa da nossa produção. Estamos buscando integrar todos os processos para diminuir ao máximo os custos", disse o diretor da Líder, Almir Furtado.

Segundo ele, a questão cambial é mais importante para a indústria do que a taxa básica de juros (Selic) e até mesmo do que o aspecto tributário. Conforme Furtado, já começaram a aparecer na região empresas "maquiadoras de produtos", que importam todos os componentes e colocam apenas o selo de fabricação no Brasil. "O danoso é que essas empresas promovem uma concorrência desleal, já que gozam dos benefícios que conquistamos com o governo de Minas, mas não têm as mesmas obrigações", acusou.

Já os efeitos do dólar barato na Linear Equipamentos Eletrônicos são bem diferentes. A expectativa da indústria é superar em 2011 os 25% de crescimento registrados no ano passado.

Devido ao fato de produzir equipamentos específicos para emissoras de televisão e pela alta tecnologia embutida nos equipamentos, foi possível à Linear manter a base de clientes. Além disso, os insumos importados puderam ser adquiridos a preços mais baixos. Essa equação possibilitou à empresa, em 2009, investir R$ 20 milhões na construção de uma nova fábrica, para onde a produção está sendo transferida.

"Vivemos um momento em que a base tecnológica das emissoras de TV está sendo substituída e modernizada. Por isso, nossa expectativa para os próximos anos é a melhor possível", adiantou o diretor de Marketing, Carlos Alberto Fructuoso.

Esse é o mesmo cenário observado pela STB, que fabrica transmissores de sinais de televisão. De acordo com o diretor industrial, Flávio Brito, a empresa tem sido obrigada a recusar pedidos por não ter estrutura física para atender a essa demanda. "Até 2012 devemos concluir a construção de uma nova fábrica. O investimento é de cerca de R$ 3 milhões e ela terá o dobro da capacidade produtiva", disse Brito. Para ele, o atual patamar do dólar está em um nível equilibrado para a empresa.
Diário do Comércio -10-03-2011

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