A banda (Carlos Romero Carneiro)
Domingo. Estava caminhando na praça de manhã com meu filho quando nos deparamos, perto da nova fonte construída em frente ao cinema, com a querida “Lira Santa Rita”. Por entre as árvores que contornavam um pequeno espaço circular, diversos músicos preparavam-se para mais um espetáculo. Crianças brincavam displicentes, adultos já ocupavam seus lugares nos bancos e algumas pessoas contornavam aquele grupo musical formado por pessoas que a gente está acostumado a ver todos os dias pela cidade. Aqueles homens que, de segunda a sexta, desempenham profissões comuns, no domingo, encantam com a tradicional Lira.
Domingo. Estava caminhando na praça de manhã com meu filho quando nos deparamos, perto da nova fonte construída em frente ao cinema, com a querida “Lira Santa Rita”. Por entre as árvores que contornavam um pequeno espaço circular, diversos músicos preparavam-se para mais um espetáculo. Crianças brincavam displicentes, adultos já ocupavam seus lugares nos bancos e algumas pessoas contornavam aquele grupo musical formado por pessoas que a gente está acostumado a ver todos os dias pela cidade. Aqueles homens que, de segunda a sexta, desempenham profissões comuns, no domingo, encantam com a tradicional Lira.
Quando a banda começou a tocar, meu filho logo parou para ouvir, admirado com algo que, até então, ainda não tinha presenciado. Já eu, viajei longe naquela melodia que me levou a uma época distante, há mais de 20 anos. Tempo em que meu avô, Antônio Lemos Carneiro, também fazia parte do grupo e me carregava, toda segunda-feira, para os seus ensaios. Naquela época, os músicos reuniam-se no porão da Câmara Municipal. Com oito ou nove anos, enquanto os músicos tentavam ensaiar, eu simplesmente fazia barulho. Pegava um bombardino e ficava soprando a esmo, tentando acompanhar, pelo menos, o ritmo. Meu avô, que tocava tuba, o instrumento que gera o som grave e que faz mais sucesso entre a molecada, olhava pra mim e procurava não rir para não perder a concentração.
O tempo passou, meu avô faleceu, recebeu homenagens durante as alvoradas que aconteciam nas solenidades da festa de Santa Rita e a Lira se renovou. Daquela formação antiga já não há mais ninguém. Em compensação, os novos músicos, ainda hoje, continuam fazendo bonito nas manhãs de domingo e nas festividades em que são solicitados para preencher o ar de sons e aplausos. Em uma época em que as pessoas não têm tempo pra quase nada, fico contente em saber que esses senhores ainda procuram encontrar lugar para cultivar a arte. Arte que exige muito treino, muito empenho e também o dom para tornar o cotidiano um pouco mais leve.
A guerra das bandas em Santa Rita do Sapucaí (Ideal Vieira)
Se fôssemos fazer um estudo minucioso de nossas bandas de música, com todo o seu anedotário, daria até um livro. A verdade é que a nossa primeira banda chamava-se “Charanga” e nasceu por política. E por política, também foi criada a segunda, que ganhou o nome de “Mulambo”.
Quando surgiam as passeatas na cidade, saía a Charanga a tocar pelas ruas de nossas cidade e, como revide, a Mulambo já estava preparada para sobrepujar a adversária, tal como acontece hoje com nossos blocos carnavalescos. Divertia-se o santarritense com isso. Rara era a passeata em que não se via o música de uma banda tocando na outra e, assim, a briga dos partidos continuava no mesmo afã.
O senhor Manoel Luz, foi o primeiro maestro da nossa cidade e pertencia a uma dessas bandas. Com o tempo foram aparecendo novos valores e novos maestros, saídos de nosso meio, amantes de música e que deixaram seus nomes gravados nas pautas de muitas melodias que ouvimos até hoje por aí. A história foi prosseguindo, se desenrolando por política e por ciúmes, não deixando de caber um pouco de vaidade, até que a revolução de 1930, colocou as lutas políticas em água morna. A vida continou, com música e política, dando um toque diferente às nossas noites de domingo e dias de festa, com a querida tocata no jardim da praça.
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