terça-feira, 10 de setembro de 2013

Alta do dólar afeta Santa Rita do Sapucaí

Como a matéria-prima utilizada pelas empresas da cidade é importada, custo da produção aumentou.
Dólar em um patamar mais alto implica no aumento de custos, já que a Leucotron importa insumos
A desvalorização do real na comparação com o dólar está dividindo a opinião de empresários e representantes da indústria de eletroeletrônicos de Santa Rita do Sapucaí, no Sul de Minas. Como a maior parte da matéria-prima utilizada por essas empresas é importada houve um significativo aumento de custo da produção, o que tem exigido mais capital de giro. Mas, por outro lado, o dólar alto também aumentou o preço final dos produtos importados que entram no país, o que aumentou a competitividade dos eletroeletrônicos nacionais.

Para o presidente do Sindicato das Indústrias de Aparelhos Elétricos, Eletrônicos e Similares do Vale da Eletrônica (Sindvel), Roberto de Souza Pinto, no final de tudo as empresas saem no prejuízo. "A maior parte das indústrias de eletroeletrônicos importa matéria-prima. Como o Vale da Eletrônica tem crédito com os fornecedores de países como Coreia, Taiwan e China esses insumos são encomendados com prazo de até 120 dias. Então, as empresas fizeram essas encomendas quando o dólar ainda estava no patamar de R$ 1,80 a R$ 1,90, mas vão pagar agora, com ele bem mais caro", diz.

Ele explica que para efetuar o pagamento as indústrias vão precisar de mais capital de giro e, para isso, recorrem a financiamentos bancários. "Quem sai ganhando são os bancos, que cobram taxas muito altas", observa Souza Pinto. "Para arcar com essas diferenças o preço final tem que subir e o acréscimo na tabela de preço acaba provocando a inflação", completa.

O presidente do Sindvel reconhece, no entanto, que o dólar em um patamar mais alto faz com que o preço dos produtos eletroeletrônicos importados suba e, assim, as empresas do Vale da Eletrônica conseguem competir de forma mais igual com eles. "Se os juros dos financiamentos não fossem tão altos e a burocracia para conseguir capital de giro não fosse tão grande as empresas ficariam ainda mais competitivas, mas, infelizmente, não é assim", afirma.

Segundo ele, o Vale da Eletrônica estava esperando crescimento de 27% no faturamento de 2013 na comparação com o exercício passado, mas com o câmbio da forma que está não é mais possível prever ao certo de quanto será o crescimento. No primeiro semestre houve um aumento na receita total de 13,5% sobre o mesmo período do ano passado.

Leucotron - O diretor de negócios da Leucotron, empresa com sede em Santa Rita do Sapucaí, Antônio Cláudio de Oliveira, já vê com mais tranqüilidade a desvalorização do real perante o dólar. "O dólar em um patamar mais alto implica no aumento de custos, já que importamos insumos, mas também contribui na competitividade das nossas exportações, então não avalio como um fator maléfico", afirma.

Para ele, o mais prejudicial é a flutuação muito grande do câmbio. "A estabilidade é muito mais saudável", observa. Oliveira lembra ainda que além das exportações ganham competitividade os produtos vendidos dentro do Brasil. "Aqui dentro nós também competimos com produtos fabricados fora, então com o dólar em um patamar mais alto aumenta nossa competitividade diante desses players", diz.

Na Exsto, também com sede em Santa Rita do Sapucaí, a situação cambial ainda está sendo avaliada. O diretor de pesquisa e Desenvolvimento (P&D), José Domingos Adriano, explica que a empresa não consome tanto insumos importados quanto as demais indústrias do município e, por isso, não é tão afetada. "Mesmo assim, caso o dólar continue nesse patamar vamos ser prejudicados, porque é um aumento de custo que não tinha sido previsto", afirma. Ele lembra que as matérias-primas fabricadas no Brasil já tiveram aumento considerável de preço nos últimos anos.

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