sexta-feira, 18 de julho de 2014

Santa Rita, Rio Verde e a Globalização (Por Salatiel Correia)

Rio Verde e Santa Rita do Sapucaí são dois municípios distantes um do outro, mas ligados ao mesmo momento histórico: o da globalização de suas economias. Falemos um pouco desse momento nos dois municípios.
Localizado no sudoeste do estado de Goiás, a 220 quilômetros da capital, Goiânia, Rio Verde foi ocupado territorialmente no final do século dezenove. Politicamente, a cidade despontou no contexto estadual com a Revolução de 1930, tendo à frente aquele que se tornaria o maior líder da política goiana: o médico Pedro Ludovico, este, fundador de Goiânia e grande aliado do presidente Getúlio Vargas por estes lados do Planalto Central.

Vencida a Revolução de 1930, cujo pano de fundo estadual se centrava na luta entre a agricultura representada pela família Ludovico e a pecuária pela família Caiado (do deputado Ronaldo Caiado), Rio Verde se firmou na política estadual e começou a despontar economicamente até se tornar o que hoje é: um dos celeiros do agronegócio no país. 

Conheci a cidade ainda jovem, quando esta não tinha mais que 50 mil habitantes. De lá para cá, o progresso foi avassalador. O crescimento da economia da terra de Pedro Ludovico refletiu no crescimento da cidade, que conta hoje com cerca de 200 mil habitantes. Para lá migraram, não só gente do sul e sudeste do país, mas dos Estados Unidos, Holanda e até da Rússia. Todos foram para Rio Verde atraídos pela extrema fertilidade de seu solo. Só para se ter uma ideia da riqueza gerada na região, o alqueire de soja tratada chega a custar cerca de 300 mil reais. Falemos um pouco de Santa Rita.

A ocupação da cidade se origina também no distante século dezenove. Desde os seus primórdios, a base cultural da terra da benemérita Sinhá Moreira se centrou na migração europeia (portuguesa, italiana) e do Líbano para a região.

Embora pequena em dimensões, Santa Rita se tornou visível politicamente na chamada República Velha, tendo como figura mais expressiva o ex-Presidente da República Delfim Moreira e, posteriormente, essa visibilidade se elevou pela influência do ex-ministro e presidente da Câmara dos Deputados, Olavo Bilac Pinto. 

As conexões políticas santa-ritenses se manifestavam nas conexões com o governo federal; já as de Rio Verde não eram tão diretas assim, pois passavam pela intermediação do interventor Pedro Ludovico.

A qualidade de vida em Santa Rita, mensurada pelo Índice de Desenvolvimento Humano (IDH), é elevada (0,810). A de Rio Verde, embora elevada, é menor que a de Santa Rita (0,754). Penso que o que elevou o IDH santa-ritense seja algo de que ainda carece Rio Verde: mão de obra qualificada.

Entretanto, a riqueza gerada por pessoa em Rio Verde - considerando dados do IBGE  de 2010 - é mais expressiva do que a constatada em Santa Rita. Traduzindo em números, isso quer dizer que a renda per capita em Rio Verde é de 31.000 reais, enquanto que em Santa Rita ela não passa de 21.000 reais.

Estabelecidas as semelhanças e diferenças, os dois municípios vivem o mesmo momento histórico de um mundo que se globaliza em teias que buscam a vocação econômica de cada região.

A teia de Rio Verde é o agronegócio de poderosas indústrias, como a Perdigão, que se instalaram no município. Já a teia de Santa Rita e seu Vale da Eletrônica vêm se inserindo, paulatinamente, na globalização através dos produtos originados nas suas 150 micro e pequenas empresas.

Embora diferentes nas origens do seu processo civilizatório, conquanto tão distantes uma da outra (cerca de 1400 quilômetros), Rio Verde e Santa Rita se tornam tão iguais no novo Brasil, que está a exigir inovação proveniente da educação que eleva a produtividade de sua economia.

O agricultor da enxada de outrora em Rio Verde tem, atualmente, de lidar com poderosas máquinas colheitadeira de soja, altamente computadorizadas. Já o desafio do trabalhador qualificado santa-ritense se centra na inovação dos produtos advindos de suas indústrias. A economia de Santa Rita mudou a principal base geradora de sua economia, antes alicerçada na agropecuária, para, hoje, centrar-se na indústria. Tanto num quanto noutro município pulsa o espírito empreendedor, motor maior da geração da riqueza numa nova ordem mundial que se globaliza.

(Salatiel Correia é Engenheiro, Bacharel em Administração de Empresas, Mestre em Planejamento Energético. É autor, entre outras obras, de A Energia na Região do Agronegócio.)

Um comentário:

  1. Parabéns!!! Adorei saber...,Rio Verde Foi a cidade que mais vendi meu produto!!!!!pessoal trabalha mesmo!!!!!

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