Prefeitos eleitos com mais de 80% dos votos válidos dão as cartas nas articulações para
a campanha do ano que vem e já começam a ser cortejados pelos principais candidatos
A época do voto de cabresto – quando coronéis manipulavam o jogo
político – deixou marcas fortes na história brasileira. Com a
consolidação da democracia, os abusos fazem parte do passado, mas o
poder dos prefeitos, principalmente aqueles eleitos com uma votação que
supera 80% dos votos válidos, permanece fundamental. Com a antecipação
da campanha de 2014 eles se tornam peças-chave na disputa. Em Minas
Gerais, segundo maior colégio do país com 14 milhões de eleitores,
divididos em 853 municípios, candidato que conta com apoio de um
prefeito bom de voto dá um passo importante para se tornar majoritário
na cidade.
De uma maneira geral, independentemente se são campeões de voto, os
prefeitos já vêm sendo alvo de cortejos de candidatos neste ano
pré-eleitoral. A presidente Dilma Rousseff (PT) recebeu boa parte dos
prefeitos mineiros em janeiro. O governador Antonio Anastasia (PSDB),
por sua vez, se reúne com grupos de 20 a 30 prefeitos quase
semanalmente. Dilma anunciou R$ 66,8 bilhões de repasses às prefeituras
em todo o Brasil, para obras de saneamento, pavimentação e mobilidade.
No mês passado, quando visitou Belo Horizonte e Ribeirão das Neves,
entregou 50 retroescavadeiras, 58 motoniveladoras e 19 ônibus escolares a
mais de 100 administradores municipais. Já Anastasia lançou programas
de financiamento com valores entre R$ 350 mil e R$ 1,5 milhão por
prefeitura, totalizando R$ 2,1 bilhões.
No Sul de Minas, o prefeito de Santa Rita do Sapucaí, Jeffinho (PR),
eleito com 86,84% dos votos, pondera que por mais influência que tenha a
conclusão é sempre do eleitorado. “O povo vota em quem trabalha. Tenho
interesse de ajudar a cidade que governo e se o governo federal mandar
verba eu divulgo quem mandou e faço o mesmo se o dinheiro for do governo
estadual”, analisa Jeffinho, que pela quarta vez é prefeito da
cidade, de 38 mil habitantes. A última vez que governou (2001-2004) não
concorreu à reeleição, pois fez uma cirurgia no coração e passou um
tempo se recuperando. Apesar de ter tido a maioria absoluta dos votos,
ele acredita que o apoio é passado. “Vai depender do meu trabalho”,
afirma.

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