quarta-feira, 18 de maio de 2011

Nossas Bandas de Coreto

 A banda

Outro dia, estava caminhando na praça de manhã com meu filho quando nos deparamos, perto da nova fonte construída em frente ao cinema, com a querida “Lira Santa Rita”. Por entre as árvores que contornam um pequeno espaço circular, diversos músicos preparavam-se para mais um espetáculo dominical. Crianças brincavam displicentes, adultos já ocupavam seus lugares nos bancos e algumas pessoas envolviam aquele grupo musical formado por pessoas comuns que a gente está acostumado a ver todos os dias pela cidade. Aqueles homens que, de segunda a sexta, desempenham profissões comuns, no domingo, encantam a todos com a tradicional Lira.

Quando a banda começou a tocar, meu filho logo parou para ouvir, admirado com algo que, até então, ainda não tinha presenciado. Já eu, viajei longe naquela melodia que me levou a uma época distante, há mais de 20 anos. Tempo em que meu avô, Antônio Lemos Carneiro, também fazia parte do grupo e me carregava, toda segunda-feira, para os seus ensaios. Naquela época, os músicos reuniam-se no porão da Câmara Municipal. Parece que até hoje os ensaios acontecem no mesmo local. Com oito ou nove anos naquela época, enquanto os músicos faziam seus ensaios, eu simplesmente atrapalhava. Pegava um bombardino e ficava soprando a esmo, tentando acompanhar, pelo menos, o ritmo. Meu avô, que tocava tuba, o instrumento que gera o som grave e que faz mais sucesso entre a molecada, só olhava pra mim e procurava não rir para não perder a concentração.

O tempo passou, meu avô faleceu, recebeu homenagens durante as alvoradas que aconteciam durante as solenidades da festa de Santa Rita e a Lira se renovou. Daquela formação antiga me parece que já não há mais ninguém. Em compensação, os novos músicos, ainda hoje, continu-am fazendo bonito nas manhãs de domingo e nas festividades em que são solicitados para preencherem o ar de sons e aplausos. Em uma época em que as pessoas não têm tempo pra quase nada, fico contente em saber que esses senhores ainda procuram encontrar lugar para cultivar a arte em suas vidas. Arte que exige muito treino, muito empenho e também o dom para tornar o cotidiano um pouco mais leve. Vida longa à lira!
A guerra das bandas em Santa Rita do Sapucaí
(por Ideal Vieira)

Se fôssemos fazer um estudo minucioso de nossas bandas de música, com todo o seu anedotário, daria até um livro.

A verdade é que a nossa primeira banda chamava-se “Charanga” e nasceu por política. E por política, também foi criada a segunda, que ganhou o nome de “Mulambo”.

Quando surgiam as passeatas na cidade, saía a Charanga a tocar pelas ruas de nossas cidade e, como revide, a Mulambo já estava preparada para sobrepujar a adversária, tal como acontece hoje com nossos blocos carnavalescos.

Divertia-se o santa-ritense com isso. Rara era a passeata em que não se via o música de uma banda tocando na outra e, assim, a briga dos partidos continuava no mesmo afã.

O senhor Manoel Luz, foi o primeiro maestro da nossa cidade e pertencia a uma dessas bandas. Com o tempo foram aparecendo novos valores e novos maestros, saídos de nosso meio, amantes de música e que deixaram seus nomes gravados nas pautas de muitas melodias que ouvimos até hoje por aí.

A história foi prosseguindo, se desenrolando por política e por ciúmes, não deixando de caber um pouco de vaidade, até que a revolução de 1930, colocou as lutas políticas em água morna.

A vida continou, com música e política, dando um toque diferente às nossas noites de domingo e dias de festa, com a querida tocata no jardim da praça.

Um comentário:

  1. Também adoro ver e ouvir a Lira Santa Rita. Quando vou aí,faço questão de dar uma passadinha na praça, domingo pela manhã. Vá fotografei, filmei, coloquei no Youtube, no Blog, para mostrar o quanto curto essa manifestação cultural que, infelizmente, está quase desaparecendo das cidades do interior.

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