sexta-feira, 26 de novembro de 2010

A lenda do misterioso Mato Sanico

Já dizia o grande pensador: “Há mais mistérios entre o Vintém e a Fazendinha, do que pode constatar a nossa vã filosofia”


Na sexta-feira do dia 13 de junho, a equipe do Empório saiu para uma reportagem fantasmagórica, em busca da solução de um mistério que já fez muito santarritense sentir calafrios. Afinal, que segredos esconde o famoso “Mato Sanico”?  O que aquela pequena floresta nativa, que ainda resiste à civilização e que contorna a estrada que liga a cidade ao bairro vintém, tem de tão assustadora para que tantas pessoas tenham receio de passar ali, até mesmo durante o dia? Em busca da solução desse enigma, procuramos os proprietários do local e nos deparamos com Tati Telles, que nos trouxe algumas informações.

A lenda

Tatiana na contou que Sanico foi seu bisavô e que, na verdade, não chamava Sanico e sim Feliciano. Nos meados do século XIX, sua propriedade abrangia toda aquela região logo após a “Fazendinha” e dava passagem ao bairro Vintém.  A lenda em torno do local começou quando foi plantado um grande talhão de café perto daquela mata, na divisa com o bairro São Benedito. Na época, era muito comum o roubo de café e, certa vez, foi presa por ali uma quadrilha especializada em roubar o café escondendo-o dentro de caixões. Como os assaltantes passavam por ali, sempre na madrugada, carregando o caixão, ninguém tinha coragem de abrir para conferir. Dizem que até mesmo aqueles que viam o cortejo noturno não acreditavam que a cena era real e, sim, um efeito sobrenatural. A ação dos bandidos prosseguiu por um bom tempo até que, certo dia, um “corajoso” resolveu averiguar e descobriu que não havia defunto e, sim, café, dentro do caixão. Apesar do mistério ter sido revelado, o acontecimento foi suficiente para criar uma lenda em torno daquele local e que perdura até os dias de hoje. Com o falecimento de Sanico, as histórias só aumentaram. Desde então, começaram a dizer que a fazenda, herdada por uma de suas filhas, a Silencina, ficou assombrada e que o “corpo seco” do fazendeiro surgia durante a noite naquelas matas para assustar os transeuntes. Reza a lenda que, certa feita, um desavisado caçador de passarinhos entrou no “Mato Sanico” e só saiu depois de três dias, quando foi achado com a gaiola na mão, catatônico, estado esse em que permaneceu até a morte. Desde então, as pessoas começaram a “morrer de medo” do tal corpo seco e evitavam adentrar o local. Já a família de Feliciano ficou contente com a história, uma vez que poucos tiveram a audácia de invadir a famosa propriedade depois que tais boatos se proli-feraram e jamais tiveram coragem para mexer no melhor talhão de café da família, ali plantado.

 Outra lenda envolvendo o local

Existe uma outra lenda que ajudou a proliferar os boatos de que aquela região era mal assombrada. Dizem que quando faleciam os moradores da zona rural, seus parentes e amigos os enrolavam em um lençol, levavam até a estrada que contorna o “Mato Sanico” e aguardavam até que a condução chegasse da cidade para terminarem o trajeto. Ao ser transladado um corpo para o carro funerário, o lençol era entao abandonado naquela propriedade e causava medo nas pessoas que passavam por ali, uma vez que a propriedade acabou ficando cheia de lençóis. Era mais um motivo para que a população local fizesse daquele trajeto um verdadeiro portal para o além. Vai saber... Afinal, como disse outro grande pensador: “Não acredito em 'corpo seco', mas que existe, existe...”

3 comentários:

  1. A fazenda foi herdada pela FILHA do Sanico chamada Cilencina que era apelidada de Tita. Ela era minha madrinha e aparece sempre nos textos do meu blog.

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  2. Corrigido Nídia! Muito obrigado pela contribuição! Abraço! Carlos

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